Vermelho como o Sangue - Salla Simukka
Vermelho como o sangue é o primeiro livro da trilogia Branca de Neve, escrito pela autora finlandesa Salla Simukka e lançado pela editora Novo Conceito em 2014 no Brasil.
SOBRE O LIVRO
Lumikki Andersson quer deixar o passado para trás. Para isso, a garota deixa de morar com os pais e se muda para Tampere, na Finlândia, onde passa a estudar em uma conceituada escola de artes e tenta se manter o mais longe possível dos holofotes - incluindo radares de fofocas e festinhas da escola.
Tudo vira de ponta-cabeças quando, um dia, a garota encontra por acaso cédulas manchadas de sangue penduradas para secar no laboratório de fotografia da escola. Depois disso, Lumikki se vê imersa em uma teia de suspense e mistérios, envolvendo policiais corruptos e um traficante perigoso, conhecido pela brutalidade com que conduz seus negócios.
O QUE EU ACHEI
Eu já tinha esse livro já algum tempo encalhado na estante, mas nunca havia me interessado mesmo pela história. Quando dei uma olhada na sinopse, fiquei realmente interessada! A proposta de um thriller com traços da história da Branca de Neve parecia bem interessante, apesar de, pela sinopse, já dar para perceber que a história caminha em outro sentido da fábula original. Logo no começo do livro, somos apresentados a uma cena misteriosa que climatiza o que iremos encontrar nas próximas páginas. Foi uma pena que, conforme a leitura foi avançando, meu descontentamento com o livro esteve em alta em vários momentos.
Da mesma forma como Lumikki se envolve de repente com esse mistério, assim acontece com o leitor. O desenrolar da trama não é truncado, mas também não soa verossímel, uma vez que a união dos personagens contra esse mistério se faz de uma forma muito automática e repentina, dando a impressão de que a autora só queria colocar todos juntos e não resolveu trabalhar muito como iria acontecer. Isso acaba batendo de frente com a personalidade da personagem principal, por exemplo, que se mostra bem alheia aos grupos da escola, taciturna, solitária e sem querer envolvimento com as pessoas ao seu redor. O modo como ela se integra a esse grupo e interage com o mesmo não soa plausível, mas duvidoso.
O problema é que esse tipo de "barra forçada" não para apenas na forma como os personagens se unem: alguns acontecimentos são resolvidos sem muita dificuldade e não conseguem transmitir todo o suspense e "terror" que o momento evocaria. Isso dá aquela impressão de que mesmo que a personagem principal esteja em apuros, o leitor não teme totalmente por ela, mas fica esperando que a coisa se resolva por si só. Referente a esse ponto, a história não chega a se tornar entediante, porém deixa a desejar ao não ter uma estrutura contundente que agrade.
Não sei se a proposta da autora fora de ter alguma ligação forte com a história da "Branca de Neve", mas não é isso que é encontrado aqui - com exceção do nome da personagem principal que na língua finlandesa significa "Branca de Neve". Como a história se passa na Finlândia, os nomes dos personagens podem soar diferente ao leitor brasileiro e trazer pequenas confusões de quem é quem, mas acho que isso pode ser facilmente driblado caso o leitor "mergulhe" na história. Eu, como leitora, fiquei esperando essa conexão por conta do nome da trilogia ser exatamente essa e o título salientar essa questão, mas não fiquei totalmente decepcionada ao não ver muita coisa - quase nada - da fábula na história.
Apesar de termos um livro narrado em primeira pessoa, ao fechá-lo, sinto como se tivesse conhecido muito pouco da personagem principal, e só acompanhei sua jornada superficialmente. Por um lado, isso me faz querer ler a sequência para ver o que a autora vai propor e verificar se haverá um maior aprofundamento da história; porém, ao mesmo tempo, me faz questionar se realmente vale a pena - se a continuação será muito melhor ou se continuará sem grandes emoções. Não pretendo abandonar a trilogia ainda, mas sei que também não é algo que vou priorizar para os próximos meses por justamente não me causar tanta empolgação.
Nas páginas finais, o livro ainda tenta inserir uma situação referente ao passado de Lumikki que, apesar de muito interessante, acaba não "casando" muito bem com a história, e mais parece um segundo livro com outra proposta de história, sem muita ligação com o que acabamos de ler. Acredito que se a autora tivesse trazido mais flashes desse acontecimento durante a leitura (ao invés de apenas dois momentos breves), faria muito mais sentido e o leitor não sentiria essa estranheza. Outro ponto a se salientar é que não dá pra ter certeza se o próximo livro (Branco como a neve) terá alguma ligação com esse ou se os personagens que aparecem aqui terão uma sequência - para os que não gostam de um final sem muita resolução, o livro finaliza com aquela sensação de que coisas foram fechadas, mas não dá pra se imaginar o que vem em seguida, deixando um espaço aberto para uma continuação ou um encerramento mediano.
INFORMAÇÕES:
Livro: Vermelho como o sangue
Autora: Salla Simukka
Páginas: 240
Ano de Publicação: 2014
Avaliação: 3 estrelas de 5 (BOM)
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"Seu cabelo não era preto, sua pele não brilhava como a neve fresca recém-caída e seus lábios não eram impressionantemente vermelhos. É sério, quem dá o nome à filha por causa da Branca de Neve? Não era tão ruim em finlandês; Lumikki era um nome de verdade, ainda que fosse também a personagem da história dos irmãos Grimm."
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